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É de Curitiba: Carne de Onça ganha Indicação Geográfica

Estrela da gastronomia curitibana, a Carne de Onça alcançou o registro de Indicação Geográfica (IG), nesta terça-feira (20). A conquista veio pela relevância cultural que a iguaria representa na capital paranaense, agora reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Essa é a segunda Indicação Geográfica da capital do Paraná, depois da broa de centeio, que também integra a receita da Carne de Onça. Hoje, cerca de 200 restaurantes da cidade servem a iguaria em seus cardápios, segundo a Associação Amigos da Onça (AAONÇA).

Reconhecimento

Ícone da “culinária de boteco” em Curitiba, a carne de onça é servida sobre uma fatia de broa de centeio, coberta com carne bovina moída fresca, cebola branca, cebolinha verde e temperos variados. Tudo regado com azeite extravirgem, sal e pimenta. O processo para reconhecimento oficial do prato teve início em novembro de 2023.

O presidente da Associação Amigos da Onça e coordenador do Fórum Origens Paraná, Sérgio Luiz Medeiros, celebrou a conquista: “a carne de onça é uma das comidas típicas de Curitiba, reconhecida como Patrimônio Cultural da cidade desde 2016. Com a conquista da Indicação Geográfica, sua relevância aumenta. Este reconhecimento é uma vitória significativa para os setores gastronômico e cultural de Curitiba.” E afirma que, a partir de agora, a proteção do prato ganha ainda mais reforços e projeta um aumento de vendas da iguaria nos estabelecimentos. 

Contexto histórico

Há diversas teorias sobre a criação da Carne de Onça, e uma das mais populares atribui à combinação excêntrica de ingredientes, que causariam um “bafo de onça”. Contudo, a história mais concreta envolve tradicionais bares curitibanos e personagens conhecidos da capital paranaense. 

A origem do prato típico ocorreu na década de 1940, quando Ronaldo Abrão, mais conhecido como “Ligeirinho”, brilhava nos campos de futebol como jogador do Britânia, tradicional time de Curitiba, na época. O clube tinha como diretor Cristiano Schmidt, que também era dono do bar “Buraco do Tatu“, na Marechal Deodoro.

O local se tornou ponto de encontro da equipe após as partidas, e foi justamente ali que nasceu a tradição: para comemorar as vitórias do Britânia, Schmidt servia aos jogadores uma receita ousada: carne crua temperada sobre fatias de broa escura.

Mas o batismo do prato veio por acaso. Em uma dessas confraternizações, o goleiro do time, conhecido como “Duaia”, reclamou da iguaria: “Essa carne tá tão bruta que nem uma onça comeria isso!”. A piada pegou, e o nome também. Desde então, o prato passou a ser chamado, com bom humor e certo orgulho local, de Carne de Onça.

Ao passar dos anos, diversos bares da cidade começaram a servir a receita,  tornando-se  um símbolo da gastronomia curitibana, com uma trajetória que traduz a identidade cultural da cidade.

Indicações Geográficas

No ranking brasileiro de Indicações Geográficas, o Paraná aparece em segundo lugar, com 18 reconhecimentos. Entre eles estão os queijos coloniais de Witmarsum, a cachaça e a aguardente de Morretes, o barreado do Litoral do Paraná, bem como a bala de banana de Antonina.

Além disso, o Estado ainda conta com 11 produtos em processo de análise no INPI, como o  pão no bafo de Palmeira, as tortas de Carambeí e o mel de Prudentópolis.

por Yasmin Luz / CuritibaCult

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